Nunca é fácil lidar com uma eliminação. Nunca é fácil perder um clássico e, conseqüentemente, ficar de fora de uma competição onde se está indo bem. Mas é esse o momento por que passam os vascaínos. A goleada sofrida para o Botafogo foi surpreendente, e a euforia dos torcedores de desfez em pouco mais de noventa minutos.
De fato, fizemos uma partida ruim. O time não se achou em campo, errou muitos passes e esteve em uma noite irreconhecível. Não faltou vontade, mas faltou futebol e um pouco de sorte também. Ramon não subia como de costume; Carlos Alberto errava demais, o domínio já não era perfeito; Pimpão corria, mas nada além disso. Mesmo Nilton, que esteve perfeito nos últimos jogos, não agradou. Enfim, todo o time errou muito. O Botafogo se aproveitou desses erros e abriu 2-0 com menos de meia-hora de encontro.
Entre os 40 minutos do primeiro tempo e os 10 minutos do segundo, o Vasco finalmente pressionou com consistência, mas o fator sorte não esteve do nosso lado; a falta de competência no momento de finalizar também prejudicou. Depois, Leonardo acabou expulso, e o caldo entornou de vez. Quatro a zero, devolveram-nos a goleada imposta três semanas atrás. Poderia ter sido bem mais.
Os torcedores alvinegros, impiedosos, falavam em vingança, lembraram-se que jogaremos a segundona (logo eles pra nos dizerem isso), e que eles estão classificados para a final. Havia quem falasse em fim de temporada para o Clube da Colina, “o ano acabou”, diziam alguns rivais. Mesmo com alguns absurdos que fui obrigado a ouvir hoje, digo: o ano está longe de acabar.
Não, não é apenas pelo fato de estarmos ainda em abril. Mesmo fora do Carioca, ainda temos, no calendário, a Copa do Brasil, e a disputa da 2ª Divisão. “Haha, Copa do Brasil... vocês realmente acham que vão chegar a disputar taça?”, foi um dos impropérios que escutei hoje. Ate onde eu sei, entre os sessenta e tantos times que ainda lutam pela vaga, todos tem condições de chegarem à decisão. Uns mais, outros menos, é bem verdade. Mas parece que se esquecem que, ano passado, com uma equipe tecnicamente mais fraca do que a atual chegamos à semifinal, onde somente perdemos para o Campeão.
Desafios: a vida está cheia deles. E o desse ano está muito além da conquista de qualquer troféu. Tem tudo a ver com orgulho, redenção, provar ao Brasil e ao mundo que somos, sim, o time da virada. Sei que este é o momento mais crítico de nossa história, já que nunca havíamos sido rebaixados nem em futebol de botão. Mas é exatamente em momentos como esse, que todos, sem exceção, precisam mostrar do que são feitos. Mostrar o quão grande e esse clube, fazer merecer voltar para a elite.
Desde o começo da nossa caminhada, fomos e somos perseguidos. Primeiro, por ser o clube dos portugueses. Depois, por ser o clube dos negros, operários, nordestinos, pobres. Em seguida, por ser o clube que não tinha estádio. E hoje, por sermos o clube do povo, para o povo, um clube democrático. Fomos sempre assim, faz parte da personalidade do Vasco da Gama, despido de preconceitos, desde o começo. Os outros não sabem o que querem. Na verdade, sabem: tentar diminuir, ocultar a história mais bonita de um clube no Brasil. Mas a voz que ecoa das próprias arquibancadas não deixa ninguém esquecer. Podem dizer que é coisa de coitadinho, mania de perseguição... Por sermos pioneiros, vencedores, campeões, sempre quiseram ser como a gente. A famosa frase diz que ninguém inveja o fraco, e essa é uma verdade que cabe por aqui. O momento é de reerguimento, de provar a todos, sem exceção, o quanto somos (e nunca deixamos de ser) fortes.
Sei que é duro olhar para o placar do Maracanã, e ver “Vasco 0-4 Botafogo”. Não é comum, já que são mais de 50 vitórias de vantagem que temos sobre eles (isso eles se esquecem, engraçado). Mas a caminhada esse ano será cheia de percalços, com diversas pedras e obstáculos no caminho. Para o torcedor, é momento de manter erguida a cabeça, manter o orgulho de vestir a Cruz-de-Malta. Que falem, que pensem, que critiquem. O Vasco, sua torcida, sua tradição, suas glórias, são infinitamente superiores a tudo que possam alegar, para fazer pouco de nossa incontestável história.
Não esqueçam, cruzmaltinos, de que sempre vão fazer de tudo para colocar a caravela a pique. Cabe a nós, mantê-la flutuando. Mesmo com todas as tempestades e tormentas que possam surgir ao longo da noite, o sol sempre vai se erguer pela manhã, e navegaremos, merecidamente, num mar de calmaria.
segunda-feira, abril 13, 2009
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Ahaaam.. o primeiro comentario do Blog =)
ResponderExcluirBom, esse é o Vascaino que eu conheço.. perfeito com as palavras. Sabe expressar todo o sentimento em frases curtas.. e impactantes! Eu ri do Vasco :) Mas como boa torcedora que sou.. entendo perfeitamente toda a situaçao..
entao. Boa sorte Vascaino querido! E boa caminhada na segundona Vasco =)
é isso ai meu amigo gabriel!!! parabéns pelo blog! tah show!! o sentimento nao pode parar!!! abraçaooo
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